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by José Emygdio de Carvalho Neto | |
Published on: Dec 21, 2006 | |
Topic: | |
Type: Poetry | |
https://www.tigweb.org/express/panorama/article.html?ContentID=9843 | |
A dúvida da vida me faz duvidar Se a própria vida é um ciclo ou um ciclone a arrastar Pés descalços de quem não sabe ao menos andar Se pretende pregar ou ajoelhar A cor da sandália de São Francisco Os pés de Jesus Cristo A dor pálida de São Benedito A procissão com bastardos arrependidos As armas dos bandidos O disparar dos discursos repetidos As crianças com futuros já sucumbidos A humanidade toda em seu eterno terno vazio Frente a seu mundo nunca acabado Nunca perfeito Nunca preciso Nunca encontrado Sempre perdido Sempre iludido Com sua imperfeita perfeição Ocupado com sua frustração De não entender o infinito Sua capacidade de persuasão E ainda acreditam que nos julgarão Viver, perguntarás, É o sofrimento e dor? Eu desprezo quem disse que devo sofrer para me salvar depois A vida me instiga A própria luz do caminhar Anos e anos passam E dizem que Ele não passará Não passará! Não passará! Decidi-me, enfim. Eu fico com os filhos de Caim Pecados originais Agradeço por ter nascido Aos pés dos pecados originais Vivo e como vivo Sabendo das quimeras dos mortais Da impotência dos onipotentes imortais Saltarei, cairei e deitarei. No tapete da lucidez dos prazeres carnais No berço a balançar das questões divinamente banais Olho e enxergo longe Longe até demais O infinito não é tão grande assim Só tem medo de abismos quem não sabe voar Eu prefiro o incerto! Eu prefiro o incerto! O erro ao acertar O perder ao ganhar O real ao enganar A verdade ao se ocultar O fazer ao deixar O risco ao ver a vida passar e falar: Não arrisquei Porque o risco me traz A dúvida da vida que me faz duvidar Se a própria vida é um ciclo Ou um ciclone a arrastar Pés descalços de quem não sabe ao menos andar Se pretende pregar ou ajoelhar Vivo na história dos que altivos ousam a gritar: Pregaram-me os joelhos Antes que eu pudesse me levantar « return. |