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Nas veias de “A Sangue Frio” Printable Version PRINTABLE VERSION
by Efraim Neto, Brazil Apr 11, 2008
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Nas veias de “A Sangue Frio” Com “A Sangue Frio”, Truman Capote tentou criar algo inteiramente novo, o que muitos chamaram posteriormente de “romance de não-ficção”. O autor alcançou um ponto de equilíbrio entre as técnicas da ficção, como seleção artística e olhar romancistas para contar os detalhes com o gênero de escrita da não ficção. A Sangue Frio conta a história de toda a família Clutter, em Holcomb, Kansas, e dos autores dos assassinatos. A idéia do livro surge após Capote beber na fonte de uma notícia de jornal sobre a chacina dos quatro membros da família pacata do interior.

Nas primeiras páginas do livro, Capote, com poucas palavras, nós leva para dentro do cenário, nos leva aos detalhes físicos, ambientais e sociais da pequena cidade de Holcomb. Além de narrar o extermínio do fazendeiro Herbert Clutter, de sua espora Bonnie e dos filhos Nancy e Kenyon – uma típica família americana dos anos 50, o livro reconstitui a trajetória dos assassinos. Perry Smith e Dick Hikcock planejaram o crime acreditando que se apropriaram de um cofre cheio de dinheiro, o qual usariam para viver no México. Entretanto, a fortuna não fora encontrada.

Nos primeiros capítulos, Capote, com uma descrição minuciosa, mostra o dia-a -dia da família Clunter e de seus amigos e seus vizinhos que parece ser um quê de realismo fantástico. Uma pessoa conseguir captar os aspectos psicológicos, emocionais, comportamentais isso através da observação, de uma analise minuciosa e detalhada dos fatos, realmente algo inovador e revolucionário para com o método de escrita. Ao percorrer dos capítulos, Capote descreve os moradores, as suas angustias, incertezas, suas ambições e até uma certa maledicência em razão do sucesso de uma família considerada perfeita. Contudo, é extremamente perceptível a construção de uma humanização do autor em relação aos assassinos. Ele aborda a infância e os seus momentos difíceis. A sensibilidade de Perry e o seu ímpeto violento, e a esperteza e habilidade persuasiva de Dick em convencer as pessoas em seu próprio beneficio.

A história só é possível por causa das ações de Dick Hickock e Perry Smith, os assassinos, que planejam saquear a residência de um fazendeiro famoso em sua cidade, Herbert Clutter, e eliminar todas as possíveis testemunhas que se encontrarem no local. Em uma madrugada de outubro, os rapazes de pouco mais de 25 anos amarram e executam friamente os quatro membros da família Clutter: Herbert, fazendeiro de 48 anos, homem afável e estimado na comunidade, sua mulher Bonnie Fox, 45, e dois adolescentes, Kenyon, sonhador, avoado e caçador de faisões e coiotes, e Nancy, garota de sucesso entre os estudantes, que fazia tortas fabulosas e queria estudar artes na Universidade do Kansas.

Os policiais que investigam o assassinato não conseguem descobrir o motivo do crime, era algo muito implícito e oculto. O crime foi considerado o mais perverso da história de Kansas e, isso incentivou e despertou toda a curiosidade de um bom jornalista como Truman Capote. O livro é criação de uma minuciosa pesquisa dos fatos. O autor mergulhou profundamente na busca de dados para este livro, entrevistou por longo tempo um grande número de pessoas, recolhendo assim o maior número de detalhes possíveis. Todo o detalhamento do livro lhe rendeu uma ótima intercessão entre a literatura e a construção da realidade.

No livro-reportagem em questão, é possível perceber uma grande ausência de neutralidade, o que é conseqüência direta da profundidade atingida na apuração da história. A imersão nos detalhes do crime e o envolvimento com os personagens levaram Capote a se tornar absolutamente um ator do caso. Percebe-se que o autor se arrisca nas longas apurações do jornalismo literário, se aproxima, se arrisca a ficar perto da história, até perto de mais. Como conseqüência disso é possível perceber exposto, explicitamente, o olhar pessoal e as tendências de Capote nas páginas de A Sangue Frio.

Capote teve a grande capacidade de organizar todas as informações da chacina num grande raciocínio lógico, linear e saboroso. Na leitura de cada página do livro, é possível reconhcer um relato profundo dos sentimentos, emoções e atitudes de dois assassinos frios, bem como, da família e do cenário. No livro, é extremamente perceptível os elementos do jornalismo; a verdade, a lealdade, independência, equilíbrio, liberdade. Bem como, é possível percebermos também os prazeres da literatura; metáfora, antíteses, detalhismo, descrição, ficção. Capote soube mergulhar na magia do New Jornalism. Capote deixa claro, por exemplo, um viés condescendente em relação a Perry, ainda que ele seja o assassino confesso. Perry era um sonhador.

O autor se prende e, muitas vezes, constrói uma relação de afinidade com Perry – a personagem, segundo a descrição detalhada de Capote, teve uma infância marcada pela mão alcoólatra e pai ausente, circunstância que volta e meia o atormentam, inclusive no momento me que ele realiza o assassinato dos membros da família Clutter. Os dramas pessoais dessa personagem ganharam uma cor mais dramática do que a própria aflição sofrida pela família em sua última noite de outono.





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Efraim Neto


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