Details | 
 
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Type 
Toolkit
  
Author 
SEDH
  
Publication Date 
July 10, 2008 
  
Posted 
May 14, 2009 
  
Relevance 
Brazil	
  
Categories 
Human Rights Peace & Conflict
  
Tags 
 
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 About | 
 
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Favelas, Carlos Drummond de Andrade (1979) 
São 200, são 300 as favelas cariocas? 
O tempo gasto em contá-las é tempo de outras surgirem. 
800 mil favelados ou já passa de 1 milhão? 
Enquanto se contam, ama-se em barraco e a céu aberto, 
novos seres se encomendam ou nascem à revelia. 
Os que mudam, os que somem, os que são mortos a tiro 
são logo substituídos. 
Onde haja terreno vago onde ainda não se ergueu um 
caixotão de cimento esguio (mas se vai erguer) surgem 
trapos e panelas, surge fumaça de lenha em jantar improvisado. 
Urbaniza-se? 
Remove-se? 
Extingue-se a pau e a fogo? 
Que fazer com tanta gente brotando do chão, formigas de 
um formigueiro infinito? 
Ensinar-lhes paciência, conformidade, renúncia? 
Cadastrá-los e fichá-los para fins eleitorais? 
Prometer-lhes a sonhada, mirífica, rósea fortuna 
distribuição (oh!) de renda? 
Deixar tudo como está para ver como é que fica? 
Em seminários, simpósios, comissões, congressos, cúpulas 
de alta prosopopéia, elaborar a perfeita e divina decisão? 
Um som de samba interrompe tão sérias indagações e a cada 
favela extinta ou em bairro transformada com direito a 
pagamento de Comlurb, ISS, Renda, outra aparece, larvar, 
rastejante, insinuante, grimpante, desafiante, de gente qual 
gente: amante, esperante, lancinante... 
O mandamento da vida explode em riso e ferida.
  
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